terça-feira, 27 de outubro de 2009

A centopeia dos sapatos de arco-íris



Dona Mocinha_ Sinhazinha! Sinhazinha! Acorde!
Sinhazinha (sonolenta) _ Me deixa dormir mais um pouco...
Jabuti _ Acho melhor começarmos a acordar dona Preguiça.
Dona Mocinha _ Dona Preguiça! Dona Preguiça! Acorde!
Dona Preguiça _ Hein? O que foi? O que houve?
Dona Mocinha _ Precisamos continuar a nossa caminhada.
Dona Preguiça (sonolenta) _ Sinhazinha já calçou todos os sapatos?
Dona Mocinha _ Ainda não.
Dona Preguiça _ Então acorde-me quando ela estiver devidamente calçada. Ver centopeia se calçando me dá um sono... (boceja)
Dona Mocinha _ Desisto! (olha para o Jabuti) Senhor Jabuti, é impressão minha ou o senhor está meio triste e abatido?
Jabuti _ Estou me sentindo um pouco só.
Dona Mocinha _ Como sozinho? Somos seus amigos e companheiros de jornada. Levamos juntos a nossa mensagem de paz e respeito à natureza. Esta é a missão da nossa caravana greenpeace.
Jabuti _ Sei disso, mas não é desse tipo de solidão que estou me queixando.
Coelho Paschoal _ O senhor jabuti sente falta é de uma companheira.
Dona Mocinha _ Não fique ruborizado... Isso é muito natural.
Sinhazinha _ Por que o senhor não namora a dona Preguiça? (boceja)
(todos riem e dona Preguiça acorda)
Dona Preguiça _ Hein? O que foi? O que houve?
Sinhazinha _ Estava sugerindo ao senhor Jabuti que namorasse com a senhora.
Dona Preguiça _ O que? Acha que eu namoraria com esta coisa lenta?
Coelho Paschoal _ Olha só, o roto falando do esfarrapado.
Jabuti _ Lenta é a senhora que atrasou a nossa viagem quase doze horas só para tirar uma pestana.
Sinhazinha _ Imaginem como seriam os filhotes, custariam a carregar o próprio casco.
(todos riem. Só o Jabuti e dona Preguiça não acham a menor graça)
Dona Preguiça _ O senhor me respeite!
Jabuti _ A senhora crie modos!
Dona Preguiça _ Por que o senhor não vai na frente para adiantar a nossa viagem?
Jabuti _ A senhora está dizendo que sou devagar?
Dona Preguiça _ Já disse!
Jabuti _ Ah, é?
Dona Preguiça _ É!

(se engalfinham e a cena fica como se estivesse congelada ao fundo. Apenas dona Mocinha se encaminha para o centro do palco e fala:)

Dona Mocinha _ Não pensem que somos desordeiros. Vivemos na mais perfeita harmonia e união. Rodamos o mundo levando a nossa mensagem. Para que melhor entendam como somos e o que fazemos em prol do planeta, o melhor é começarmos a contar nossa história pelo começo.

Stella Tavares
Continua.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Máximas do João Vítor




Tudo isso ouvi do meu filho caçula, João Vítor,na época com 4 anos e hoje, um rapazinho de 8 anos. Assim são os filhos em nossa vida,uma grande bênção! Bastam algumas pequenas falas para iluminar os nossos olhos.

& João Vítor estava indo para piscina quando fiz uma recomendação:
_Não fica muito no sol que ele está bravo. Mais que depressa ele respondeu:
_Sol não fica bravo porque ele não tem boca!!!

&Agora eu já sei: quando chove é porque Deus está tomando banho.

&Existem dois tipos de ferro: o ferro do danoninho e o Eta ferro!

& De tanto ouvir Pedro Henrique estudar verbos , João Vítor também arriscou:
_eu falo, tu falas, a gente fala...

&Mamãe eu te amo mais que todo mundo te ama, mais que o Deus te ama.

&João Vítor fez um mapa do tesouro com vários x nos prováveis lugares onde o tesouro poderia estar. Foi me explicando que um x ficava no quarto, outro na sala, na cozinha. Foi decifrando o mapa e no final disse:
_Mamãe, se eu te contar o que é o tesouro você não conta pra ninguém? O meu tesouro é você!

Nesse mês da criança, deixo aqui o meu carinho a todas as crianças, inclusive à nossa criança interior que nos acompanha vida afora


Stella Tavares

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Histórias no varal




Depois de escrever o que seria a última de uma série de histórias infantis, deixei-as empilhadas para uma futura revisão. Deitei-me na rede, como se fosse o sétimo dia. O tempo estava nublado e um ventinho rodeava a casa circundando ao meu redor. O balanço da rede e aquele abraço-de-vento-que-circunda-mundo fizeram-me adormecer. Acordei um pouco mais tarde, com a chuva respingando-me os olhos. Juntei todas as histórias, fechei a janela e comecei a secá-las como mãe enxugando a cabeça de um filho. O sol logo começou a brilhar, peguei folha por folha e as fui prendendo no varal com prendedores de roupas. Algum tempo depois, qual não foi a minha surpresa ao constatar que debaixo de cada linha havia se formado um novo parágrafo. Quando reli cada história, tinham-se criado novas histórias dentro das primeiras: Gabriel se encontrou com Senabim e juntos foram visitar Lucas que brincava na rua, livre como um passarinho. Quem duvidou de minhas palavras basta dar um pulinho na Rua das Acácias, nº 32 e irá vê-los brincar no fundo do quintal da casa de Dona Adelina. Nem precisam se apressar porque felizes como estão, a brincadeira não terminará tão cedo! Tudo isso aconteceu enquanto as histórias secavam no varal, depois de uma simples chuva de verão.

Stella Tavares
Para Pedro Henrique e João Vítor todas as histórias que escrevo e as que ainda vou criar. Todas as cantigas de ninar que invento. À vocês, meus filhos, Todo o sentimento.